poesia morta

vai poesia morta, renasce.
fede tua rima putrefa e sobe – aos céus e ao infinito.

desencarne meus sonhos-medos,
liberte os pecados e reze, reze por nós.

aqueles que rogam na sede, aos risos da dor.
a todos os desajustados – estamos vivos.

encontre os fantasmas e queima.
jogue as cinzas no chão, que é pra ser pisado.

poesia morta, pisa, castiga e se espalha – renascida.

gênese

meu coração que insiste bater um dia esteve em ti…
meus pensamentos, minha gênese,
meu sangue, minha pele e meus medos.

sou um planeta solitário orbitando em torno de ti – meu universo.

sempre serei teu feto e compartilharemos eternamente nosso vazio,
pois sou parte de ti, a obra prima mais bela!

meu paraíso, razão, carne e ossos…
minha árvore da vida, minha graça e minha fé – minha mãe!

(…) sou poeira, parte de ti e nada mais.

Blues nº6 ou um rio nunca corre trás

Blues nº 6 ou um rio nunca corre pra trás

a vida leva e trás
quem nunca sofreu demais?
você se pergunta por que tudo é triste assim.
ela se foi, você chorou e escureceu.

um rio nunca corre pra trás
vá! carregue a sua dor!

que a vida leva a trás
e às vezes a gente quer demais
sempre se pergunta como tudo aconteceu
você não viu, ela chorou e escureceu.

um rio nunca corre pra trás
vá! carregue a sua dor!

que a vida leva e trás
não basta só olhar pra trás
quando você não espera algo acontecer
ela lhe vem, o amor lhe vem e amanheceu.

um rio nunca corre pra trás
cuide bem da sua dor, do seu amor.

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gravado dia 11/03/2012 por ofeto.

la lune

envolto em sonhos
umedecem os olhos
meu amigos, meus dias…as horas.

passo a passo, flutuo em direção ao que é belo.
aos meu amores – os esquecidos e os que ainda pulsam.

meus dedos de menino movimentam as cordas e alcanço a lua.
de lá, lhe mando meu melhor sorriso.

estou vivo, violentamente feliz.

vejo o que é belo e sofro…
de amores e dos risos que me chegam enquanto distraio as dores e a angústia.

Blues nº 5 ou sangrando por você

oh arabela, quando você veio o sol se fez…
ooh arabela, quando você veio o sol se fez…

mas você partiu.

só deus sabe, meu bem, como estou sangrando por você…
sangrando por você aqui.

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gravado no quintal pós-chuva, com a câmera no colo.
(21 de fevereiro de 2012 – terça-feira de carnaval)

 

reencontro

esperava o sol nascer quando o vi.
voltava triunfante, com sorrisos de sexta.

de pronto, não o reconheci.
afinal, passou-se tanto desde o último encontro.

ouvi desconfiado suas primeiras palavras,
me envergonhei dos olhares e perguntas.

o sol que nos queimava era tão belo… e algo mudou.

beijou suavemente meu rosto.
olhou através dos meus olhos.
e mapeou meu corpo sutilmente,
como fazem as fadas.

a lua também se fez presente e me sorriu…e algo mudou.

– meu filho pródigo, abandonado aos becos,
esquecido em alguma lembrança de tempos distantes, te amo tanto!

você que alcançou a dobra do mar,
inundou meus olhos de alegria,
com notícias de uma nova terra.

ah, meu coração valente!
foi tão longe, sozinho… buscar-me essa felicidade.

nunca mais lhe abandono, quero-te comigo.
e desbravaremos juntos, ela e todas as mil léguas!

seremos felizes.
temos o sol e a lua como testemunhas
do nosso reencontro e do nosso amor.

meu coração voltou triunfante e com sorrisos de sexta,
e eu finalmente acordei.

do pouco que eu sei

do pouco que eu sei, digo talvez.
talvez deva deixar pra outra vez.

…não me engana as ruas cheias e os dias vazios,
já não posso esperar por algo que não vem.

nenhum caminho leva ao que eu sonhei.
-por favor, só me diz onde errei.

não suporto mais um dia, eu preciso parar, tô cansado demais.

-e agora? o que vai ser…se já não há mais tanto tempo?

…se não deu, não deu.
logo, o tempo dirá e eu não vou morrer aqui.

só me resta esperar e saber admitir,
que eu não sei….eu não sei não…
e do pouco que eu sei, digo talvez.

letra de do pouco que eu sei. (Os Brutais)

cólera

entre as ferragens, sangro, choro de dor. vejo tudo retorcido e não consigo. respiro fundo e sofro. vejo de longe o resgate mas o tempo parou, na contramão… ofegante, febril, meus olhos ressecam, distantes… …desperto lentamente, bebo de algo proibido, deito em chamas, me queimo, ao mesmo tempo que arde, me anima. não estou sozinho… ao perceber, chamo-a carinhosamente pelo seu belo nome. suas longas pernas me seduzem, seu cabelo em chamas, moreno, trançado, sua boca molhada, me seduz com horrores, pecados e luxúrias… e sinto! …finalmente. Ó cólera, estou vivo.

conforto

que todas essas lágrimas molhem o chão
por onde outros andarão.
talvez em desespero,
sonhando alegria e crianças com nomes belos.

que todas essas lágrimas sequem no dia que eu partir.
desejo morrer sorrindo, sem raiva, traumas.

…esquecê-la em toda sua beleza incompreensível.

que as lágrimas que molharam tua pele tragam-lhe amores,
melhores que o desse coração despedaçado,
pobre e sem imaginação.

– estou de luto.

que as lágrimas dos pais transbordem
sabedoria e arrependimentos.

choro por ruas frias, cujo concreto não foi feito do meu sangue.

que todas essas lágrimas me ensinem finalmente,
me traga virtudes e não sonhos…
que estes já conheci…todos!

…e acordei ofegante e com medo.
reze por mim, pelas lágrimas…

que exista alguém olhando por mim enquanto peço perdão: lhe imploro conforto.